Trabalho intermitente avança no Brasil após reforma, aponta DIEESE

Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

Trabalhadores fizeram greves por segurança e saúde em 2017

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) divulgou seu “Caderno de Negociações” com levantamento do cenário econômico e de negociações de trabalhadores e patrões após a aprovação da reforma trabalhista pelo governo de Michel Temer (MDB). O material tem objetivo de fornecer elementos para os sindicatos possam debater durante suas campanhas de lutas. Dos dados, já se extrai que os empresários substituíram os empregos contínuos com carteira assinada pelo trabalho intermitente. Outro levantamento revela que os trabalhadores, em especial no serviço público, promoveram greves com foco na saúde e segurança no local de trabalho de suas categorias.

Para a entidade, apesar de ainda pequeno, o número de contratos de trabalho intermitente cresce no país. Segundo o Ministério do Trabalho, em dezembro de 2017, o saldo positivo foi de 2.574 postos e, em janeiro de 2018, de mais 2.461. A opção pelo trabalho intermitente foi notada, principalmente na indústria de transformação e construção civil. Já os setores do comércio e serviços lideram com 81,4% dos admitidos, em dezembro, e 65,8%, em janeiro.

Segundo o DIEESE, “depois dos efeitos das festas de final de ano, o número de admissões desacelerou no comércio, mas, mesmo assim, foram mais de mil admitidos na modalidade de trabalho intermitente”, analisa.

As ocupações com o maior de número de contratos de trabalho intermitentes foram assistente de vendas, servente de obras, embalador, alimentador de linha de produção e faxineiro.

Greves por segurança, saúde e direitos

Em 2017, o SAG (Sistema de Acompanhamento de Greves) do DIEESE registrou 224 greves com reivindicações relacionadas à saúde e à segurança do trabalhador. No funcionalismo municipal, as principais são da educação e saúde. Professores e auxiliares (29 greves) demandam principalmente melhorias em salas de aula, refeitórios e banheiros. Médicos e enfermeiros (28 greves) denunciam, com frequência, agressões durante os atendimentos. Pedem mais segurança e melhores condições de
trabalho.

No funcionalismo estadual, segundo o DIEESE, “as greves na segurança pública ocorreram devido a falhas no fornecimento de equipamentos de proteção individual (coletes) e de uniformes aos agentes penitenciários, policiais civis e militares. Entre as mobilizações nas empresas estatais, as dos Correios são as que mais reivindicam saúde e segurança. A demanda principal é a climatização dos prédios onde estão os centros de distribuição”.

Nos serviços privados, rodoviários do transporte coletivo urbano (22 greves) e trabalhadores no turismo e hospitalidade (13), a demanda é por banheiros, refeitórios e locais adequados para repouso, além da manutenção dos veículos e prevenção de agressões durante o trabalho.

GREVES EM 2017*

MUNICIPAIS
29 GREVES | Professores e auxiliares – melhorias em salas de aula, refeitórios e banheiros.
28 GREVES | Médicos e enfermagem – Contra agressões e por melhoria nas condições de trabalho

SERVIDORES ESTADUAIS
10 GREVES | Segurança Pública – Falhas nos equipamentos de proteção individual (EPIs)
13 GREVES | Correios – Segurança e saúde do trabalhador

PRIVADO
20 GREVES | Construção e metalúrgicos -Equipamentos de proteção individual (EPIs)

 

Por Manoel Ramires (Porém.net) – com informações: DIEESE.

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