TRABALHADORES PROTESTAM CONTRA A INTRANSIGÊNCIA DA FIAT DURANTE A PASSAGEM DA TOCHA OLÍMPICA POR CAMPO LARGO
Sindicato denunciou, aos olhos do mundo, os desmandos e atos antissindicais do grupo Fiat Chrysler em Campo Largo
A passagem da Tocha Olímpica por Campo Largo foi marcada por protestos, assim como em outras cidades pelo Brasil. A Tocha inseriu a cidade no circuito das outras 329 cidades brasileiras incluídas no roteiro de revezamento até a abertura dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
A previsão era de que cerca de 12 mil pessoas participassem do revezamento em todo o Brasil. Na cidade de Campo Largo, 21 pessoas participaram do revezamento, entre elas alguns atletas destaques do esporte campo-larguense, como o “Caréstia” (Antonio Cézar Marcondes) – pioneiro do Volei em Campo Largo (1966), Laurinho Antoniassi, Renato Hundsdorfer, Vinicius Brainta e Sebastião Carlos Bressan. A Tocha Olímpica foi acesa no dia 21 de abril em Olímpia, na Grécia, e está percorrendo cerca de 28 mil quilômetros até a abertura oficial dos Jogos Olímpicos, em 5 de agosto.
Com os olhos do mundo voltados ao evento que antecede as Olimpíadas no Brasil, o Sindimovec fez da ocasião um motivo para protestar e denunciar as práticas antissindicais da Fiat, que continuam em 2016, assim como em anos anteriores. “Queremos chamar a atenção da sociedade de maneira geral para o problema que enfrentamos repetidamente nas campanhas salariais com a empresa. Como já dissemos em outras ocasiões, assim como nas duas Audiências Públicas realizadas o ano passado, essa problemática do desrespeito à entidade sindical e à sindicalização dos trabalhadores, fere os princípios constitucionais que amparam a classe trabalhadora, e toda a sociedade precisa estar ciente do quanto isso é prejudicial”, alerta Adriano Carlesso, presidente do Sindimovec.
Para Carlesso, a conduta da empresa desrespeita o histórico de negociações que vinha ocorrendo na cidade ao longo dos anos, quando promove, sistematicamente, uma agressiva campanha na fábrica de Campo Largo com a finalidade de impedir que seus trabalhadores, organizados em um sindicato, realizem a negociação do Acordo Coletivo de 2016.
A exposição deste problema com a empresa em evento de tamanha magnitude, através da passagem da Tocha Olímpica e dos Jogos Olímpicos, não significa uma chance de criar uma reputação global negativa à empresa, e sim uma oportunidade de mostrar ao mundo o que a empresa vem realizando para manter-se em primeiro lugar nas vendas no Brasil, reforça. Afinal, nem mesmo o espírito Olímpico fez com que a empresa respeitasse as negociações deste ano com seus trabalhadores tempestivamente em sua data-base (1º de março), destaca.
Os dirigentes do Sindicato marcaram presença numa das principais avenidas da cidade, por onde a Tocha passou. Com faixas e cartazes, o mundo todo – através da passagem da Tocha – pôde, mais uma vez, tomar ciência dos desmandos do grupo Fiat Chrysler em Campo Largo.
Simbolismo: fogo sagrado
A Tocha Olímpica é um dos maiores símbolos dos Jogos Olímpicos, e evoca a lenda grega de Prometeu que teria roubado o fogo de Zeus para o entregar aos mortais. Esta tradição foi reintroduzida nos Jogos Olímpicos de Verão de 1928. Em 1936, pela primeira vez ocorreu uma equipe de atletas para transportar uma tocha com a chama, desde as ruínas do templo de Hera, em Olímpia, até o Estádio Olímpico de Berlim. Devido à importância do fogo, em muitos templos eram mantidas chamas acesas permanentemente. Este era o caso do templo de Héstia na cidade de Olímpia. A tradição de manter um fogo aceso durante os Jogos Olímpicos remonta à antiguidade, quando se efetuavam sacrifícios a Zeus. Nessas cerimônias, os sacerdotes acendiam uma tocha e o atleta que vencesse uma corrida até ao local onde se encontravam os sacerdotes teria o privilégio de transportar a tocha para acender o altar do sacrifício.