TRABALHADORES DEBATEM CATERPILLAR EM NÍVEL GLOBAL
Evento discutiu a situação dos trabalhadores da multinacional pelo mundo
Os diretores do Sindimovec, Adriano Carlesso e José Assis Oliveira, participaram, nos dias 13 e 14 de junho, em Detroit (EUA), da reunião da Rede Mundial de Trabalhadores da Caterpillar.
O encontro anual, organizado pela IndustriALL Global Union, reúne sindicalistas das plantas da empresa pelo mundo e, este ano, debateu sobre a situação dos trabalhadores diante da crise. O evento reuniu representantes sindicais de pelo menos cinco países: Brasil, Japão, Alemanha, Estados Unidos e Bélgica.
Os representantes sindicais dos trabalhadores de Campo Largo representaram o Paraná na delegação brasileira, composta por sete integrantes. Dentre eles, representantes da Federação dos Metalúrgicos e do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba (SP), onde também há planta da empresa.
O presidente do Sindimovec, Adriano Carlesso, fez uma apresentação da realidade local dos trabalhadores de Campo Largo, resgatando um pouco da atuação sindical desde o início da empresa, em 18 de outubro de 2011. Os participantes puderam conhecer mais sobre a produção da Caterpillar no Paraná, considerada hoje destaque em modernidade. A unidade campo-larguense produz máquinas no conceito “best in class”, com a mais alta qualidade e tecnologia disponível no mercado, figurando como a número um da categoria dentro da Caterpillar no mundo.
A primazia na produção rendeu à empresa em 2013 o prêmio de Excelência Operacional – o mais importante prêmio em qualidade do setor.
REDUÇÃO DE QUADRO
Paralelo aos aspectos positivos, as dificuldades também foram amplamente discutidas no debate em Detroit, que propôs uma análise sobre a redução global do quadro de funcionários. Demissões recentes não ocorreram apenas nas plantas brasileiras. Conforme conclusão do encontro, as baixas seguiram uma tendência mundial em torno de 25%.
Em 2011, eram 95 funcionários, no início da produção da multinacional em Campo Largo. Este número teve seu auge em 2013, com cerca de 880 funcionários, num período de produção impulsionada pelo PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal. Já nos anos subsequentes, a redução de quadro se agravou. Atualmente (junho de 2016), o número de postos de trabalho está na casa de 500 funcionários – uma redução de 43% em três anos. A planta de Campo Largo hoje utiliza somente 26% da sua capacidade de produção, o que evidencia a crise que afeta a unidade na cidade.
Para os representantes sindicais dos países presentes, ficou evidente que, na realidade brasileira, a crise política e, por consequência, a econômica, são responsáveis pelos números negativos. “Soma-se a isso, os reflexos da Operação Lava Jato, que pode ser entendida como uma situação que mexeu com as estruturas produtivas em todo País, tendo em vista sua contribuição para a queda da atividade industrial vinculada aos governos”, lembrou Carlesso. A indústria extrativa mineral acumulou queda de 9,6%; a construção civil 6,2% e de serviços 3,7%.
DESAFIOS
Mesmo diante da ameaça de reestruturação global, a Caterpillar, em Campo Largo, manteve o compromisso com seus funcionários, fechando o acordo coletivo de 2016 e mantendo direitos e benefícios do ano passado. Postura diferente da adotada por ela, mantém a FCA (Fiat Chrysler Automóveis) – Fábrica de Motores FIAT de Campo Largo, que tem seus trabalhadores também representados pelo Sindimovec, e até o momento não resolveu a negociação coletiva com o Sindicato, sem a concessão de aumento aos seus colaboradores.
O balanço do evento em Detroit, segundo o presidente do Sindimovec, resume-se a uma palavra: união. “Somente a união e a mobilização podem melhorar o quadro crítico atual. O encontro foi positivo porque permitiu que pudéssemos comparar os modelos de representação sindical pelo mundo, seus reflexos e, acima de tudo, a nossa realidade com a dos demais países e, aliados à comunidade internacional, buscarmos formas de superar a crise”, avalia.
Outra conclusão de grande relevância é a reflexão sobre a atuação sindical a nível global. Ao analisar a percepção social sobre o movimento ao redor do mundo, o SINDIMOVEC encerrou sua participação com a seguinte indagação: “seria hora de repensar como trabalhar o movimento sindical, buscando novos formatos de representação em busca do fortalecimento dos trabalhadores na base a nível global? ”. “É a discussão que precisamos amadurecer”, destaca Carlesso.