TRABALHADORES DA CATERPILLAR APROVAM ALTERNATIVAS PARA MANTER EMPREGOS
O Sindimovec (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Montadoras de Veículos, Chassis e Motores de Campo Largo) reuniu, na tarde de ontem (20), os trabalhadores da Caterpillar para falar sobre o próximo desafio coletivo que se apresenta após várias demissões neste primeiro semestre: manter os empregos.
Pelo menos de abril até agora, 180 trabalhadores perderam seus empregos na multinacional por conta da crise, que apresenta um período de incertezas para a economia brasileira. Por conta disso, o Sindicato e a empresa estudam medidas para garantir os empregos, evitando assim novos cortes de pessoal.
Essas propostas foram apresentadas no encontro de ontem, e consistem em, pelo menos, três itens: a transferência de função de trabalhadores dentro da empresa de forma temporária, sem prejuízo às partes, inclusive dos salários; a concessão de férias (coletivas, seletivas, saldo de férias), e, por fim, alterações no banco de horas, de forma a permitir que os trabalhadores folguem neste período crítico e possam pagar estas horas assim que a situação melhorar.
Conforme o acordo atual, o funcionário que tenha que vir trabalhar, além da jornada de segunda à sexta, uma hora aos sábados, por exemplo, tem garantia de que meia hora seja lançada em banco de horas, e a outra meia hora seja recebida como hora extra. A alternativa agora, submetida à consulta dos trabalhadores, seria de o empregado utilizar os sábados para pagar as horas débito, com intenção de diminuir o saldo. O prazo para zerar o pagamento dessas horas seria estendido até 2017.
Essa proposta e as demais foram aprovadas sem ressalvas pelos trabalhadores. “O Sindicato, enquanto representante legal dos trabalhadores, irá sentar com a empresa, avaliar a situação e a forma mais favorável ao trabalhador para driblar a crise, e fazer a redação desse acordo, apresentando a todos no momento seguinte”, disse Adriano Carlesso, presidente do Sindimovec. Ele acrescentou que, qualquer mudança nas regras existentes no Acordo Coletivo de Trabalho, só terá validade enquanto houver crise. Ou seja, “assim que os números de produção aumentarem, qualquer acordo firmado agora, em época de crise, será revogado”, reforça.
No novo acordo negociado, a empresa deverá informar ao Sindicato a respeito de qualquer possibilidade de demissão que venha ocorrer nos próximos meses. “Isso para que saibamos os motivos da demissão caso a caso, isoladamente, tendo a certeza de que não se trata de demissão coletiva ou redução de quadro. A empresa pode, sim, demitir, se for para substituir o trabalhador”, disse Carlesso, lembrando que a situação gerada pela atual crise afeta a todos, do chão de fábrica ao administrativo. “Seja esta uma crise verdadeira ou falsa, o fato é que ela está trazendo consequências para todos nós. Precisamos entender que, com mãos de aço, temos de fazer nossa parte para que essa crise passe o mais rápido possível”, destaca.
O volume de produção da empresa, que já chegou a 21 unidades da BHL 416E, e 07 unidades da CWL por dia, caiu nos últimos meses para 14 unidades da BHL e 03 unidades da CWL. Neste dia 21, quase que a totalidade dos trabalhadores da empresa entram em férias coletivas. O retorno às atividades será escalonado, com alguns trabalhadores retornando dia 12 de agosto; outros dia 24 e os demais somente no dia 02 de setembro. A partir de agosto, conforme a volta dos trabalhadores ao trabalho, os números cairão para 2 BHL e 2 CWL por dia. A empresa destaca que só vê possibilidade de melhora nos volumes a partir de junho de 2016, a menos que haja um novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pelo Governo Federal, para aquecer o mercado interno e melhorar a situação. Atualmente, a unidade brasileira perde também sua capacidade de exportação para outros países, como a China, por exemplo, o que piora a situação.
O trabalhador que tiver dúvidas, deve procurar os delegados sindicais dentro da empresa. Ou entrar em contato com o Sindimovec pelo telefone: 3032-2231.