SINDICALISTAS COBRAM SOLUÇÃO PARA FILAS DO SEGURO-DESEMPREGO EM CAMPO LARGO

Em meio à crise e o desemprego em alta, trabalhadores demitidos em Campo Largo encontram uma dificuldade a mais: dar entrada no seguro-desemprego. No município, o serviço é prestado na Agência do Trabalhador/Sine, e o requerimento começa através de um sistema de agendamento pela internet com dia e horário para atendimento. O problema é que a agenda quase sempre está lotada para uma demanda cada vez mais crescente de desempregados. Na cidade, são apenas dois funcionários para dar conta de todo o serviço.

Alguns trabalhadores têm demorado até 35 dias para conseguir marcar uma data. “Isso nos preocupa muito, enquanto entidade de defesa dos trabalhadores, porque com a leva de demissões que ainda está por vir, de que já temos conhecimento, essa demora pode ser ainda maior. O trabalhador já enfrenta o drama do desemprego, e conta com dinheiro do seguro para tocar a vida até as coisas se ajustarem. Com mais pessoas procurando o serviço, é claro que vai demorar ainda mais tempo para ter acesso ao benefício”, disse o presidente do Sindimovec (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Montadoras de Veículos, Chassis e Motores de Campo Largo), Adriano Carlesso.

Preocupado com a necessidade desses trabalhadores, Carlesso propôs – juntamente com outros dois sindicatos – reunião com gestores de órgãos ligados ao Trabalho, para discutir alternativas e agilizar os trâmites. O encontro aconteceu na tarde de quinta-feira (16), na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, com a presença do secretário da pasta, Lucir Merchiori, do presidente do Conselho Estadual do Trabalho, Paulo Sérgio dos Santos, do Conselho Municipal do Trabalho, Vanderlei Viante, do gerente da Agência do Trabalhador, Dorival Santos e dos presidentes dos três sindicatos que representam trabalhadores dos setores metal-mecânico (Adriano Carlesso e Sidnei Iarek – Sindimovec), cimento (Samuel Soares – Simencal)  e louça (Paulo Andrade – Sinpolocal), além da vereadora Lindamir Ivanoski (PSL).

O cenário poderia ser outro se o espaço onde funciona a Agência do Trabalhador em Campo Largo fosse devidamente estruturado. Os problemas da falta de estrutura são de reponsabilidade do governo municipal, que tem o compromisso da contratação e administração dos funcionários da Agência, bem como, do governo estadual, que tem o compromisso com o aluguel do prédio onde o órgão funciona, cujo pagamento está atrasado.  Após a exposição do problema, o secretário Merchiori se comprometeu a verificar a possibilidade de remanejar mais servidores para ajudar nas funções, pelo menos enquanto a durar o período de maior demanda pelo seguro.

Alternativas

Outra proposta feita por gestores na reunião foi direcionada aos sindicatos, que ficaram com uma tarefa a mais. Eles irão auxiliar os trabalhadores tentando antecipar os agendamentos pela internet. Assim, nas datas de homologações, o trabalhador já sairá com a data de agendamento do atendimento do seguro em mãos.

De acordo com a gerência da Agência do Trabalhador, o segurado pode dar entrada no benefício em qualquer agência, não necessariamente na de Campo Largo. “O trabalhador pode requerer o seguro em agências de municípios vizinhos como Balsa Nova, Curitiba, Campo Magro. Aqueles que, por ventura, morem na capital e trabalham em Campo Largo podem fazê-lo onde residem”, lembra Dorival.

Pela lei que regula o seguro-desemprego, o trabalhador tem até 120 dias de prazo para dar entrada no benefício. Enquanto em Campo Largo a espera por atendimento dura em média 30 dias atualmente, em Curitiba o tempo é de 30 a 45 dias. Em São José dos Pinhais o tempo é  ainda maior, entre 40 a 60 dias.

Ainda segundo o gerente da Agência em Campo Largo, “só existem filas no local porque os trabalhadores buscam o serviço ainda de madrugada, pois até 10h da manhã, a Agência está dando conta do atendimento”. Para Carlesso, “o trabalhador tem pressa em encaminhar o seguro, justamente por causa da demora pelo fato de estar sem emprego, o que é compreensível. Existem relatos de pessoas que foram até a Agência pelo menos duas, três vezes, e isso mostra que há problemas no atendimento que devem ser resolvidos. Muitos nos informaram que há dias em que o sistema fica fora do ar e isso inviabiliza totalmente o serviço, já que o trabalhador tem que ir até a Agência para fazer o agendamento e depois, voltar para dar entrada no seguro. Ou seja, os trabalhadores temem esperar mais do que o tolerável com todo o processo. Nós vamos continuar insistindo para minimizar o quanto pudermos essa situação e para que o trabalhador seja atendido rapidamente”, comenta Carlesso.

No encontro, houve ainda o compromisso dos gestores de realizar um mutirão do seguro-desemprego, caso a demanda continue crescente.

Como funciona

Quem for tentar a liberação do seguro desemprego necessita ter, pelo menos, seis meses de registro em carteira e ter sido demitido sem justa causa. O seguro dá garantia de um salário por até cinco meses.

O trabalhador tem do 7º ao 120º dia após a data da sua demissão para fazer o requerimento. Além da Agência do Trabalhador de Campo Largo, o atendimento também pode ser feito nos municípios vizinhos.

Documentação

Para requerer o benefício, o candidato deve apresentar Carteira de Identidade (RG), sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, os três últimos recibos (holerites) de salário, o comprovante de saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e as guias do seguro desemprego preenchidas.

Até quinta-feira (17), o sindicato não conseguiu realizar o agendamento de nenhum trabalhador, conforme acordado em reunião. Isso porque o site para agendamento mostra Campo Largo como “sem dias disponíveis” e “sem agendas disponíveis”. Mesmo assim, em outra reunião ocorrida na manhã desta sexta-feira (17), na Agência do Trabalhador, foi reafirmado o compromisso para a realização de um mutirão.

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