Opinião: O Brasil de cinco anos atrás era bem diferente para os trabalhadores
Em 2012 o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou resultados da Síntese de Indicadores Sociais, que mostrava importantes avanços que beneficiava a classe trabalhadora no aumento do nível de empregos e renda. Na época, em dez anos o emprego com carteira assinada passou de 45,3% em 2001, para 56%m em 2011.
Esse crescimento é um dos principais instrumentos de distribuição de renda numa economia. Nele o trabalhador formal fica menos vulnerável e inserido em uma rede de conquistas e garantias, como acessos ao crédito, vale alimentação e/ou refeição, vale transporte, cesta básica, convênio médico etc.
Na ocasião, segundo a pesquisa, o rendimento das pessoas negras ocupadas equivalia a 60% do rendimento das pessoas brancas, porém, o crescimento da formalização era maior entre as mulheres negras. Apesar dos avanços registrados, ainda tínhamos 44,2 milhões de pessoas na informalidade.
Contudo, o País cresceu e todos indicadores analisados apresentaram redução das desigualdades sociais e de renda. Em outros momentos de crescimento econômico, como na época da ditadura isso não aconteceu. E neste momento de crises e perda de empregos e direitos sociais é preciso resistir.
Entendemos que lutar pela redução das desigualdades é determinante para garantir a cidadania que, infelizmente, milhões de brasileiros (as) perderam nos últimos 2 anos. Hoje temos mais de 12 milhões de desempregados e assim que a Lei 13.467/2017 passar a vigorar, a situação tende piorar.
As novas regras atingirá em cheio o Movimento Sindical que perdeu parte significativa dos recursos financeiros. Frente ao novo cenário de incertezas e o fim da Contribuição Sindical compulsória, o DIEESE sugere os seguintes desafios:
Melhorar a preparação das Campanhas Salariais;
Repensar a organização sindical com forte presença nos locais de trabalho;
Redesenhar a luta institucional e enfrentar a Lei em várias frentes;
Produzir conhecimento sobre as profundas transformações na economia;
Construir novas formas de organização de luta e realizar muita formação sindical.
Ou seja, é preciso intensificar o trabalho de conscientização de adesão à entidade via Campanha de Sindicalização permanente. Se não houver o apoio dos trabalhadores (as) às suas entidades de classe as futuras negociações serão mais difíceis e imprevisíveis.
Certo dia o Papa Francisco disse que: “Não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato. E não há bom sindicato que não renasçam todos os dias nas periferias, que não transforme as pedras descartadas da economia em pedras angulares”. Temos que interpretar literalmente esta frase e resistir muito mais.
Por: Nailton Francisco de Souza, Diretor Nacional de Comunicação da Nova Central.