Negociação sobre o fim da produção da Stellantis vai até 30 de novembro
Ontem dirigentes do Sindimovec se reuniram com representantes da multinacional para tratar do assunto que impacta na vida de centenas de famílias
O Sindicato dos Metalúrgicos de Campo Largo está em negociação com a Stellantis até 30 de novembro. Antes disso serão feitas inúmeras reuniões para tratar do futuro dos 214 postos de trabalho na unidade. O primeiro encontro foi segunda-feira (31) e serviu para convencimento da necessidade da empresa realocar a mão de obra em Betim (MG), Goiana (PE) ou empresas de Campo Largo.
De acordo com Adriano Carlesso, dirigente do Sindimovec, “até o momento ninguém foi demitido. Toda tratativa ainda está sendo negociada. Vai até o fim do mês para qualquer decisão”. Ele explica que o Sindimovec vai cuidar dos direitos dos trabalhadores: “pessoas com anos de casa, com direitos indenizatórios de anos trabalhando. O PDV, o plano de saúde e o vale alimentação também serão pautados”.
Faz pelo menos cinco anos que a força de trabalho vive a insegurança do fechamento da unidade. Hoje a produção em Campo Largo é concentrada nos motores Etorq 1.6 e 1.8 para exportação, mas com a nova fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Provonce), que apresenta novas e mais rigorosas regras para o limite de emissões de gases poluentes, esses modelos ficaram obsoletos.
Vale destacar que a planta de Campo Largo é referência mundial para o grupo Stellantis, o que atrai investimento. A unidade é uma vitrine importante para possíveis compradores das instalações. “O Sindimovec trabalha incansavelmente para tentar amenizar os impactos aos trabalhadores e à sociedade campolarguense”, completa Carlesso.
Desindustrialização
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em julho deste ano a Pesquisa Industrial Anual Empresa (PIA 2020). Nesse trabalho foi detalhado o processo de desindustrialização que avança no Brasil. O Instituto mostrou que em dez anos o setor industrial nacional perdeu 9.579 empresas, ou 3,1% do total. Isso representou o fechamento de 1 milhão de postos de trabalho (-11,6% do total).
Segundo IBGE o número de empresas industriais com uma ou mais pessoas empregadas recuou pelo sétimo ano consecutivo. Em 2011 eram 313,2 mil indústrias. Já em 2013 o levantamento atingiu o maior número da série histórica com 335 mil indústrias. Porém em 2020 caiu para 303,6 mil. A indústria automotiva perdeu espaço na participação, passou de 12,0% para 7,1% em 10 anos.
Hoje o protagonismo na produção de motores da Stellantis são os modelos híbridos de menor porte e com maior potência, como os 1.0 e 1.3 turbo produzidos em Betim (MG). Somado a isso, ainda há a tendência mundial da motorização elétrica.
Para a direção do Sindimovec o processo de desindustrialização é cruel. Gera desemprego e desaquece economias regionais. A entidade está em negociação permanente para que a situação cause o menor impacto possível aos trabalhadores nesta triste história de demissão coletiva.