Luta sindical: sem ela, o cenário do trabalhador seria desolador
Série de reportagens vai mostrar quanto a Luta Sindical contribui para evolução das relações de trabalho
Pelo menos dois episódios no ano são aguardados com grande ansiedade por trabalhadores com carteira assinada: as férias e benefício do 13º salário. Agora imagine, você, trabalhador, se, de repente, recebesse a notícia de que esses direitos simplesmente acabariam! Desolador pensar nesse cenário?
Esses seriam exemplos de como seria o mundo do trabalho sem os avanços e o histórico de luta do Movimento Sindical, ainda muito criticado pela nossa sociedade, diga-se de passagem. Foi pela organização dos trabalhadores que surgiram as principais conquistas trabalhistas e ferramentas de transformação social no Brasil. Sem a luta do movimento sindical, os patrões ditariam as regras conforme seus interesses, e os rumos das relações de trabalho seriam outros.
Os registros históricos apontam que o movimento sindical no Brasil surgiu após a abolição da escravidão e a proclamação da República. Segundo pesquisadores, foram 100 anos de atraso em relação aos outros países, e a pressão dos estrangeiros, que vieram para trabalhar nas lavouras brasileiras, ajudou nesse processo.
Os primeiros sindicatos nacionais se formaram no setor primário, numa época em que a mão de obra existente era formada basicamente por imigrantes e negros, que viviam em condições precárias de trabalho e salários miseráveis.
Por outro lado, os funcionários públicos só tiveram o direito a se organizar em sindicatos no ano de 1985, com a redemocratização do Brasil. Os servidores estatuários, só conquistaram a partir da Constituição de 1988 e, ainda assim, de forma parcial.
Sindicalismo rotulado
O tempo passou. Século XXI, ano de 2016. De lá para cá, a sociedade assistiu aos desdobramentos de uma luta que sempre buscou diminuir as diferenças entre as classes trabalhistas, buscando, através da negociação, a solução de conflitos entre patrões e empregados. Ora, se o movimento sindical possui um legado nacional de significativas e imprescindíveis mudanças no campo do trabalho, por quê os sindicatos são vistos de forma desqualificada por setores que insistem em minimizar sua importância? Com frequência, a organização sindical recebe rótulos que associa o sindicalismo a uma imagem negativa, ao prejuízo à “vida do cidadão” e ao “risco de inflação” presente no aumento salarial.
Na avaliação do presidente do Sindimovec, Adriano Carlesso, a compreensão é simples. “Denegrir a luta sindical sempre foi uma estratégia para manter os sindicatos afastados das decisões e, assim, excluir a vontade e a participação dos trabalhadores das decisões que os afetam”, analisa.
Carlesso lembra conquistas ímpares como o FGTS, a valorização do salário mínimo. Esta, está entre uma das principais bandeiras do movimento sindical nas últimas décadas, “sendo que a política de valorização do mínimo foi proposta pelo movimento sindical e executada pelos governos recentes”, lembra.
Na próxima reportagem sobre a importância do movimento sindical na sociedade, você vai conferir as funções de um sindicato e as mudanças no perfil dos sindicalistas, hoje mais antenados com a evolução do conhecimento humano e necessidade de adaptação à velocidade das informações.