Greve Geral: Trabalhadores de Campo Largo fazem história
Ações organizadas pelos sindicatos que formam o Conselho Intersindical (Consindi) pararam atividades em escolas, transporte público e também na Metalsa, montadora multinacional mexicana instalada na cidade
Uma ação baseada no livre pensamento. “A ideia foi realizar uma manifestação isenta de qualquer bandeira política ou ideológica, e com a participação dos mais variados atores sociais”, explicou Adriano Carlesso, presidente do Sindimovec. O dirigente sindical, que também é advogado, foi um dos responsáveis por desconstruir os itens das propostas de reforma da previdência e trabalhista aos campo-larguenses. Em cima de um caminhão de som, percorrendo os principais pontos do centro da cidade, metalúrgicos, professores, servidores públicos, advogados, religiosos e políticos; expuseram diferentes pontos de vista sobre o futuro da classe trabalhadora.
O roteiro começou logo cedo, às 8h, na da Praça do Museu (Rua Marechal Deodoro), com a instalação de uma barraca para distribuir material informativo sobre as reformas do governo federal, além de coletar assinatura contra a reforma da previdência. Na metade da manhã, uma multidão de aproximadamente duas mil pessoas iniciou as ações. Primeiro fizeram uma oração pedindo união entre os trabalhadores, depois percorreram a Rua Domingos Cordeiro, Rua Centenário, Rua Barão do Rio Branco e retornaram à Praça do Museu. As atividades continuaram com a abertura do microfone, no caminhão de som, aos cidadãos. A manifestação terminou no grande ato unificado, em Curitiba, ao lado de todas as centrais sindicais e sindicatos.
União
Para o Conselho Intersindical de Campo Largo as ações do dia 28 de abril unificaram ainda mais os trabalhadores. Segundo o que foi presenciado nas ruas, várias categorias e associações caminharam lado a lado com metalúrgicos, professores e servidores públicos. “Talvez tenha sido um ato histórico pela variedade na adesão. É importante para nós, trabalhadores, sabermos que a união nos fortalece e isso foi mostrado”, completa Carlesso. Uma das características do ato foi a diversidade de gerações que participaram dos protestos. Havia muitos estudantes, secundaristas, skatistas, etc.
O protesto no centro de Campo Largo foi promovido pelo Consindi, que é composto por Sindimovec, Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Direta (SSPAD), Sindicato do Magistério Municipal (SMMCL), Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Porcelana (Sinpolocal), Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Cerâmica do Piso de Campo Largo e São Mateus (Sindipiso) e Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Cal Cimento e Gesso de Rio Branco do Sul (Simencal). As entidades são filiadas a Nova Central Sindical de Trabalhadores do Estado do Paraná (NCST) e receberam todo o apoio do presidente estadual da entidade, Denílson Pestana da Costa.
Paraná: de acordo com o portal de jornalismo Brasil de Fato, mais de 90 categorias de trabalhadores do Paraná aderiram à paralisação contra as reformas trabalhista e previdenciária do governo golpista de Michel Temer (PMDB). Cerca de 200 mil pessoas participaram de mobilizações e pelo menos 400 mil aderiam à greve em todo o estado, segundo estimativas da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR). Clique aqui e saiba como foram as greves em todo o estado.
Polêmica
Uma situação no mínimo peculiar aconteceu ao término da passeata, quando todos os manifestantes já haviam voltado ao local de início, na Praça do Museu. Os membros da organização abriram o microfone para que os presentes pudessem se expressar. Neste momento, o vereador Giovani Marcon, subiu no caminhão de som e discursou em apoio aos professores. Em seguida, depois de questionado pelos trabalhadores sobre um suposto post dele no grupo de WhatsApp da Câmara, Marcon voltou ao microfone para negar as acusações de que tenha se referido a Greve Geral como “coisa de vagabundos dos sindicatos”, além de atacar os professores: “Professor tbm tudo vadio”. Segundo o político, tudo não passa de uma publicação “fake” e que irá procurar a justiça para descobrir a origem da postagem.
Giovani Marcon disse ainda que assume a bandeira dos trabalhadores na Câmara Municipal de Campo Largo e se comprometeu em realizar audiência pública na Casa Legislativa sobre as proposta de reformas do governo federal. Já o presidente do Sindimovec, citado de forma difamatória na suposta conversa de WhatsApp, estuda a possibilidade de entrar com uma ação criminal e indenizatória por difamação e danos morais (na imagem acima, via Facebook do vereador, Adriano Carlesso e o político, no dia 28 de abril).
Por Regis Luís Cardoso.