Fiat: mais respeito com o Movimento Sindical

Vitória dos trabalhadores metalúrgicos de Campo Largo. TRT decide manter acesso dos membros do Sindimovec ao refeitório da multinacional

Todos sabem que diálogo não é o forte da Fiat. Nos últimos anos, os representantes do Grupo demonstraram preferência pela prática antissindical. A Fiat Chrysler Automobiles (FCA), pode até vender aquele famoso discurso corporativo e globalizado, tipo: “nós” batemos todas as metas; ou, “nós” conquistamos recordes de vendas.

Porém, o “NÓS” não faz parte do dia a dia trabalhador. Caso contrário, qual a razão para o Grupo tentar calar a voz do movimento sindical? Será que é porque o Sindimovec se preocupa com os direitos dos metalúrgicos?

A direção do Sindimovec enaltece a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), pois através da liminar proferida pela juíza Suely Filippetto, da 23ª Vara do Trabalho, no Processo 32481.2015.088.09.007, os dirigentes sindicais poderão realizar atividades sindicais na área das catracas e no Refeitório da empresa, nos horários de repouso e alimentação.

Histórico

Inicialmente o Sindimovec entrou com processo na Justiça do Trabalho pedindo para ter acesso aos trabalhadores, o que já é considerado um absurdo, por parte da direção. “Não deveríamos recorrer à justiça para dialogar com nossa base. Tudo poderia ser resolvido democraticamente se a empresa não usasse de práticas antissindicais e de indícios de assédio ao trabalhador”, explica Adriano Carlesso, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campo Largo.

Após disputa na justiça entre Sindimovec e Fiat, a primeira vitória foi dos trabalhadores. “Inclusive, na primeira liminar, nos deram oportunidade de entrar no refeitório, mas a empresa entrou com mandado de segurança e conseguiu, através desse mandado, por um prazo, suspender nossas ações”, completa Carlesso.

Agora, o TRT julgou e decidiu manter a redação original da liminar, entendendo que o Sindimovec tem permissão para fazer política sindical, inclusive no refeitório da empresa. Segundo Adriano Carlesso, “pedimos respeito, por parte da Fiat, ao movimento Sindical. E a oportunidade de chegar mais próximo do nosso trabalhador para fazer nosso trabalho”.

2010: “Quando a Fiat chegou aqui (Campo Largo), ela foi cortando, aos poucos, nossas ações. O auge negativo foi quando o Grupo conseguiu fazer com que a gente nem passasse do portão”, relembra Carlesso. E mesmo quando o Sindimovec estava com a liminar da Justiça, a empresa continuou barrando os dirigentes sindicais.

“Foi um período em que o Sindicato tinha que ficar para fora dos portões da Fiat, no meio da rua, colocando em risco a vida de quem estava panfletando, pois ficávamos na rua, disputando espaço com um grande fluxo de ônibus e carros”, completa o dirigente sindical.

*Cabe recurso da decisão, por parte da empresa.

 

Por Regis Luís Cardoso.

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