FÁBRICAS E TRABALHADORES DA FIAT VIVEM MOMENTOS OPOSTOS

Cenários bem distintos envolvem a realidade atual da Fiat no Brasil. Na primeira quinzena de maio, pela quarta vez no ano, a Fiat concedeu férias coletivas a 2 mil trabalhadores da fábrica de Betim. Em Campo Largo, a empresa prossegue com sua incansável política de “cozinhar” a campanha salarial dos trabalhadores.

Curiosamente, o número de 2 mil trabalhadores em férias na cidade mineira, corresponde exatamente ao tanto de empregos diretos que foram gerados pela fábrica de Goiana em Pernambuco, responsável pela fabricação do JEEP RENEGADE. A fábrica foi inaugurada mês passado e, segundo a marca, reúne os processos produtivos mais avançados do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles). Mas enquanto o Jeep Renegade pernambucano faz sucesso – em pouco mais de um mês já emplacou 660 unidades, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), os trabalhadores da empresa – pelo menos os de fora de Pernambuco – não podem desfrutar do mesmo otimismo.

É o caso dos trabalhadores de Betim que, desta vez, só devem retornar ao trabalho em 1º de junho. Enquanto isso, a Fiat tenta maquiar um panorama de dificuldades quando o assunto é a divisão justa dos lucros – na medida em que a expectativa de vendas da “nova coqueluche” (Jeep Renegade) é a melhor possível.

E ainda sobre as ótimas perspectivas de expansão no mercado, recente reportagem publicada no site UOL revela que a Fiat Chrysler quer crescer 50% no mundo. “A Fiat Chrysler Automobile (FCA) tem grandes ambições no mercado global e a expectativa é vender sete milhões de veículos por ano em todo o mundo a partir de 2018. Isso implica um crescimento importante, uma vez que o grupo vende hoje 4,4 milhões de unidades”, consta na publicação. A matéria reforça também, que a marca Jeep é a que mais vai contribuir para esse crescimento, com um volume de 1,9 milhão de carros daqui a três anos.

Mediante valiosas informações que facilmente escapam aos trabalhadores, cabe a reflexão no âmbito dos problemas domésticos: Por qual motivo a Fiat Campo Largo insiste em oferecer valores bem abaixo dos negociados em 2014? Certamente isso implica em prejuízos e retrocessos às conquistas dos trabalhadores. Sabe-se, por exemplo, que a fábrica de Campo Largo tem como meta para 2015, a produção de 260 mil motores.

Por que, diante de números tão positivos, a empresa envia ao Sindimovec, proposta de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) com o mesmo valor pago em 2014, ou seja, R$ 6.928,00?

Será que os trabalhadores não merecem um reajuste salarial condizente com a realidade do que produzem? Fique de olho trabalhador! Tudo isso está sendo possível porque é o seu couro que está sendo impiedosamente arrancado.

 

JAF_2008

 

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