Estudo comprova desigualdade entre homens e mulheres no setor metalúrgico
Recente estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), com base nos dados da RAIS 2016 (Relação Anual de Informações Sociais) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) mostra o Perfil dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica Paranaense
A desigualdade é gritante! Homens representam 80,7% das vagas de emprego e as mulheres ocupam apenas 19,3% do total de postos de trabalho no setor metalúrgico no Paraná. Esse estudo traz dados de 2006 a 2016 e que confirma outro estudo do Dieese que apontou, em março deste ano (leia aqui), que caso persista os atuais mecanismos de remuneração de homens e mulheres da categoria metalúrgica no Brasil, a histórica reivindicação de igualdade salarial só vai acontecer em 2091, ou seja, daqui 74 anos.
Voltando ao Paraná, os dados levantados pelo Dieese mostram o mapa do emprego concentrado em apenas três microrregiões, com uma diferença gigantesca da capital do estado para as demais regiões. Em 2016, Curitiba concentrava 53,3% do trabalho, seguida de Londrina (7,6%) e Maringá (6,3%), totalizando 67,2% dos empregos no estado no período de 2006 a 2016. Este índice aumentou 21,81%, já que em 2006 havia 106.377 trabalhadores metalúrgicos e em 2016 somou-se 129.580. De 2014 a 2016 houve uma redução de 35.127 postos de trabalho, representando uma queda de 21,33%.
O setor com maior participação em relação ao número total de empregos, dados de 2016, está na “Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias” (26,4%), seguido da “Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos” (25,3%) e “Fabricação de máquinas e equipamentos” (23,4%), somados estes três setores a porcentagem de empregos soma aproximadamente 75% do total dos trabalhadores metalúrgicos.
Seguem dados gerais do perfil do metalúrgico paranaense:
=> Gênero: os homens representam 80,7% das vagas de emprego, as mulheres ocupam 19,3% do total.
=> Faixa etária: maior participação é de 30 a 39 anos (35,5%); de 40 a 49 anos (20,6%) e de 25 a 29 anos (17,3%). Nessas três faixas estão localizados 73,4% do total de trabalhadores do setor. Considerando o período de 2006 a 2016, o maior crescimento está entre as faixas etárias de 50 a 64 anos e de 65 anos ou mais, com aumento de 126,98% e de 184,30% respectivamente. Neste período, estas faixas somadas sobre o total do emprego no segmento subiu de 5,9% para 11,1%.
=> Grau de instrução: ensino médio completo (56,3%), educação superior completa (14,0%) e ensino fundamental completo (9,2%).
=> Faixa de tempo de emprego: 5 a 10 anos (21,8%); de 3 a 5 anos (17,2%); de 1 a 2 anos (13,0%) e de 2 a 3 anos (11,8%). Estas quatro faixas concentravam 63,7% do total de trabalhadores.
=> Faixa de horas contratadas: a maioria dos trabalhadores possui vínculo de trabalho com jornada semanal entre 41 e 44 horas, representando 80,6% do total, percentual menor que o verificado em 2006 (84,1%).
=> Faixa de tamanho da empresa: maiores participações somam 1.000 ou mais vínculos (21,7%); de 20 a 49 vínculos (13,0%) e de 100 a 249 vínculos (14,2%). As empresas que possuem até 100 empregados empregavam 47,0% dos trabalhadores, já as empresas com 100 ou mais empregados concentravam 53,0% do total dos trabalhadores do setor.
=> Faixa de rendimento em dez/2016: as maiores participações estão nas faixas de 1,51 a 3,00 salários mínimos (47,5%); de 3,01 a 5,00 salários mínimos (21,5%) e de 5,01 a 10,00 salários mínimos (13,3%). No ano de 2016 cerca de 77,1% dos trabalhadores do setor recebiam remuneração de até 5 salários mínimos, por outro lado, apenas 19% recebiam mais do que 5 salários mínimos.
Por Regis Luís Cardoso (foto: Rede Brasil Atual).