Duas mortes: metalúrgicos na Gerdau protestam contra má condição de trabalho em Ouro Branco
Acidente ocorreu ontem (15) e na manhã desta quarta trabalhadores paralisaram a produção para pedir mais segurança. É o terceiro acidente com vítimas fatais em menos de um ano
Trabalhadores na usina da Gerdau em Ouro Branco (MG) realizaram, na manhã desta quarta-feira (16), uma paralisação de protesto contra a falta de segurança no trabalho. Ontem, dois metalúrgicos morreram vítimas de uma explosão no setor de coqueria 2 da usina, e outros 10 ficaram feridos, alguns em estado grave (leia aqui).
É o terceiro acidente com vítimas fatais naquela planta da Gerdau em menos de um ano. Em novembro, três trabalhadores morreram quando faziam a manutenção em uma torre de gás (leia aqui). Em dezembro, outro acidente matou um metalúrgico no alto forno (leia aqui).
A usina tem cerca de três mil trabalhadores e os nomes das vítimas fatais ainda não foram divulgados. Sabe-se que um deles era trabalhador terceirizado, a exemplo das três vítimas de novembro.
Diante das condições inseguras de trabalho, o Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Branco denunciou a Gerdau ao Ministério Público do Trabalho. Além disso, acionou a Comissão Nacional do Benzeno e os setores de saúde do trabalhador e de vigilância e proteção à saúde da Secretaria Estadual de Saúde. Estava prevista para a tarde de hoje, inclusive, uma vistoria na área de coqueria da Gerdau com vários órgãos do governo de Minas Gerais.
Solidariedade e providências
“Vamos chamar a empresa para uma séria conversa sobre as condições de trabalho, porque é inadmissível que acidentes desta natureza continuem acontecendo sem que a Gerdau adote medidas efetivas de segurança nas unidades”, afirmou o secretário geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Loricardo de Oliveira, que também é coordenador do Comitê Mundial dos Trabalhadores na Gerdau.
Para o sindicalista, é preocupante o que vem acontecendo e o cenário pode piorar. “Com a terceirização indiscriminada e a reforma trabalhista, que destrói direitos, as condições de trabalho podem piorar. E isso não podemos permitir. O lucro não pode se sobrepor à vida de trabalhadores”, destacou Loricardo.
Ele informou também que o Comitê Mundial está orientando os trabalhadores de todas as unidades da Gerdau no Brasil e em outros países para manifestações de solidariedade aos metalúrgicos da planta de Ouro Branco e contra o trabalho precário em todas as plantas. “Estamos pedindo também às entidades sindicais internacionais que manifestem seu apoio à luta dos trabalhadores na Gerdau e enviem mensagens à direção da empresa pedindo providências para garantir condições seguras e saudáveis de trabalho”, finalizou o coordenador do Comitê Mundial.
(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)