Dieese: Precisamos falar sobre inflação
Algumas questões sobre a descrença e reações até de incredulidade
quando a inflação está baixa
A inflação é a média dos preços de um conjunto de bens e serviços calculada a partir dos padrões de consumo de diversas famílias medidos em 10 regiões metropolitanas
mais as cidades de Brasília, Campo Grande e Goiânia.
Há oscilações de preços para cima e para baixo. E isso tem várias implicações:
1. Inflação baixa não significa que todos os preços caíram, mas sim que eles passaram a subir mais devagar. Ex.: se uma família gastasse metade da sua renda com alimentos e a outra metade com gasolina e se os alimentos tivessem
caído 30% e a gasolina subido 30% a inflação desta família seria zero.
2. Inflação é variação de preço que é diferente de custo de vida. Os preços podem não variar e o custo de vida, mesmo assim, ser elevado.
3. Por ser uma média nem todas as famílias se encaixam nessa estrutura média de consumo, pois cada família tem uma estrutura de gastos diferenciada, tem a sua inflação, por isso sentem de forma diferenciada a elevação de preços. Famílias com renda mais baixa tem na alimentação o item com maior peso.
O que a inflação não mede?
As despesas com as taxas de juros de cartão de crédito, financiamento, etc. e que podem fazer parte dos gastos.
Produtos: os salários no Brasil ainda são muito baixos em comparação com os países desenvolvidos. Por isso, qualquer aumento de preço de um produto cujas características são de difícil substituição e de difícil diminuição de consumo, faz com que as pessoas sintam mais.
Quais produtos?
Produtos com preços administrados – representam 19,21%1 dos gastos familiares. São os impostos como IPTU e IPVA; tarifas de ônibus, trens e táxi; combustíveis; água, gás, luz e telefone;
Produtos Oligopolizados – representam 15,93% das despesas. Compreendem a remédios e produtos farmacêuticos; seguros e convênios médicos; cigarro; produtos de limpeza doméstica e manutenção do domicílio;
A maioria dos itens pesquisados são Produtos Concorrenciais – pesam 64,85% nos gastos das famílias. São produtos e serviços de livre concorrência, como os alimentos dentro e fora do domicílio; aluguéis; compra de automóveis e manutenção; itens de vestuário, recreação e despesas pessoais, entre outros.
Por Ricardo Franzoi – Supervisor técnico do DIEESE RS (edição: Regis Luís Cardoso / Sindimovec).