Brasília abraçou @s trabalhadores
Foto: Altair Chemberg“Eu fiquei sonhando, acordei hoje (26) e ainda não esqueci de tudo aquilo”, com essas palavras, Altair Chemberg, funcionário da Fiat, relatou o que viu e sentiu no histórico 24 de maio de 2017. Além dele, Rosimeri Cunico (Caterpillar) e Laionel Sierpinski Dutra (Metalsa) representaram Campo Largo em Brasília
“A manifestação foi linda, o povo todo unido. O que nos deixa triste é que a televisão só mostra o lado negativo”, diz Rosimeri Cunico. A esplanada dos Ministérios, na capital federal, foi palco de um grande ato popular, na última quarta-feira, quando aproximadamente 150 mil trabalhadores, desde centrais sindicais, movimentos sociais, estudantes e secundaristas, com todas as bandeiras levantadas, se manifestaram por Diretas Já, contra as propostas de reforma trabalhista, da previdência e contra a corrupção dos políticos brasileiros.
Os representantes do Sindimovec saíram de Curitiba num ônibus da Nova Central Sindical no dia 22 de maio. Era 13h30; e, após 24horas de viagem, chegaram (23) em Luziânia (60km de Brasília). Lá passaram a noite, no complexo da Nova Central, e saíram 4h da manhã em direção a Brasília. Laionel Sierpinski Dutra conta que “foi um ato histórico. Brasília foi tomada por trabalhadores de todo o país, foi lindo ver todas as centrais sindicais e os sindicatos unidos”.
Fica clara a emoção, depois de tanta pressão, nos relatos. Para Altair, o que chamou muito a atenção foi que “o povo de Brasília se juntava a nós. Eles vinham e davam abraços, diziam que estavam do nosso lado. Nós estávamos na linha de frente, nas ruas, e os moradores da cidade ficavam emocionados com tudo aquilo”. O trabalhador acrescenta que “teve um momento em que nós fomos numa lanchonete e uma atendente e o dono perguntaram de onde éramos, aí disseram: “parabéns por virem nos ajudar nesse momento tão difícil””.
Outro relato que não aparece na grande imprensa é que havia manifestantes de todas as idades. “Tinha gente com criança no colo, além dos que tinham mais idade e caminhavam conosco com muita disposição. Isso valoriza ainda mais a manifestação. Nunca vi tanta gente na minha vida, fico arrepiada até agora”, conta Rosimeri.
Indignação
O que deixou os trabalhadores indignados foi que a grande mídia dá mais valor a violência e não mostrar o caráter artístico e criativo da manifestação. “A televisão só mostra as tragédias que aconteceram lá. Deixa a gente triste. É ai que se vê como a Globo nos bate; nos mostra como vagabundos e terroristas”, diz Rosimeri.
Altair conta que havia artistas nas calçadas recitando poesia. Tinha música, paródia, repente e diversas sátiras aos políticos. “Na caminhada eu me sentia muito a vontade, pelo aconchego da população de lá, que nos apoiava e dizia que estávamos fazendo a coisa certa”.
No final dessa jornada, ainda com os gritos de “guerra” na cabeça (“trabalhador unido jamais será vencido” ou “quando a manada se une o leão dorme com fome!”), os dirigentes do Sindimovec “parabenizaram a todos os trabalhadores e trabalhadoras, pais e mães, que deixaram suas famílias e viajaram milhares de quilômetros para defender os nossos direitos que estão ameaçados por esses bandidos que estão no poder”, finaliza Laionel Sierpinski Dutra.
Por Regis Luís Cardoso.