Acordo entre Sindimovec e Caterpillar pode injetar mais de 4 milhões de reais em Campo Largo
Em tempos de crise sem precedentes na história global, há exemplos de que o pós Covid-19 pode ser diferente
O comprometimento socioeconômico entre Sindicato dos Metalúrgicos do de Campo Largo (Sindimovec) e a multinacional Caterpillar (CAT) mostra a importância do bom diálogo. A negociação de 2020 entre trabalhadores e empresa garantiu a manutenção dos 480 postos de trabalho na unidade, com reajuste salarial de acordo com a inflação do período (3,92%), acréscimo no Vale Alimentação (R$416,00) e no PLR (R$9.300,00 – que começa a ser pago em junho e garante impacto positivo na economia regional).
Em pleno período de crise provocada pelo novo coronavírus, a possibilidade de injeção de mais de 4 milhões de reais na economia de Campo Largo é uma ótima notícia. Para o Sindimovec, esta é a oportunidade de mostrar à sociedade a importância das entidades de defesa dos trabalhadores. “Ninguém está fechando acordos como esse. O sindicato fez um trabalho em conjunto e construiu essa proposta com a Caterpillar”, explica Adriano Carlesso, presidente da entidade.
Conjuntura
Nos últimos dois anos, após a reforma trabalhista, os direitos dos trabalhadores foram esfacelados pelo Governo Federal. Atualmente, mesmo em contexto de crise do Covid-19, os ataques continuam, inclusive com medidas provisórias tentando tirar a representatividade dos sindicatos.
Para Sandro Silva, economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), “conseguir fechar uma negociação que estabeleça uma certa segurança para o trabalhador, garantindo emprego, o máximo possível da renda, além de reposição salarial, é algo extremamente positivo”.
O economista do Dieese acompanha negociações de diversas categorias. Ele enfatiza que muitos setores estão demitindo e que em momentos como esse é preciso observar quem de fato colabora socioeconomicamente: “a situação atual serve como um período de lição sobre a lógica que está sendo implantada no país nos últimos anos de estado mínimo”.
O futuro pós Covid-19 ninguém sabe, mas uma coisa é cera: “agora é possível visualizar claramente a importância de um estado forte, com políticas socais e trabalhistas significativas para você minimizar o impacto da crise”, completa Sandro.
Em tempos de pandemia, quando a maioria das notícias são ruins, contrariar essa lógica também é função de uma entidade sindical. Sandro conclui chamando atenção para a necessidade de se valorizar o movimento sindical: “que com essa crise a sociedade e os trabalhadores passem a valorizar e considerar mais os sindicatos”.