Morre o jurista Edésio Passos: ícone da luta dos trabalhadores no PR
A causa dos trabalhadores no Paraná perdeu hoje (09) um de seus ícones. Morreu, aos 77 anos, vítima de ataque cardíaco, o advogado trabalhista e um dos maiores juristas brasileiros, Edésio Passos. O paranaense, que atualmente morava em Florianópolis, era reconhecido e premiado pela construção de brilhante carreira jurídica.
Em mais de 50 anos dedicados à advocacia e à defesa de trabalhadores, Edésio Passos foi um dos símbolos mais fortes da resistência dos paranaenses frente à ditadura militar, ao cerceamento das liberdades individuais e ao duro golpe contra a democracia brasileira em 1964.
Passos ajudou a fundar a Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas e o Sindicato dos Advogados do Estado do Paraná. Defendia, principalmente, sindicatos e trabalhadores no escritório que hoje é comandado por seu filho, André Passos, junto com Sandro Lunard Nicoladeli, Mestre, Doutor e Professor da UFPR.
Na carreira política, Passos foi deputado federal entre 1991 e 1994, e um dos fundadores do PT no Paraná. Em 1985, quando o partido enfrentava pela primeira vez eleições municipais, depois de 21 anos de ditadura militar, Edésio foi escolhido pelo PT como primeiro candidato em Curitiba. Em 2002, foi candidato ao Senado.
Atualmente, Edésio exercia o cargo de Diretor Administrativo da Itaipu Binacional, função que assumiu em 2005. Começou sua carreira na binacional como conselheiro. Para os colegas, era uma referência na advocacia brasileira. No livro “Edésio Passos, 50 anos de história”, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, resumiu numa frase o espírito combativo do advogado: “Quando a maioria não tinha voz, ele era a voz destes que não podiam falar”. Nos registros, o ministro Edson Fachin, do STF, afirmou que Edésio tinha “o principal diploma que um ser humano pode levar da face dessa Terra: que é o da coerência”.
Repercussão
A notícia da morte do jurista Edésio Passos, foi recebida com grande pesar entre os líderes sindicais no Paraná. O presidente do Sindimovec, Adriano Carlesso, disse que o movimento sindical perde um “grande líder, advogado e referência na luta”. “Foi um grande jurista, um homem que deixa sua marca, seu legado de resistência, de luta democrática e um exemplo de pessoa que sempre buscou a justiça social. Foi merecedor de todas as homenagens que recebeu recentemente em vida e, com certeza, todos os seus feitos jamais serão esquecidos. Graças à atuação dele, o movimento sindical se fortaleceu no Paraná e ganhou muito ao longo das últimas décadas. É uma grande e irreparável perda”, lamentou.
No último ano, Edésio – que também era jornalista, vinha lutando contra problemas de saúde e acabou não resistindo a uma parada cardíaca. O velório acontecerá nesta quarta-feira (10), na Capela Vaticano, em Curitiba . (Assessoria Sindimovec com Agências/ Foto: JIE)
