FIAT ANUNCIA INVESTIMENTO DE 37 MILHÕES EM CAMPO LARGO; MAS CAUSA DOS TRABALHADORES CONTINUA SEM RESPOSTA
A assessoria de imprensa do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou, esta semana, a liberação de empréstimo na ordem de R$ 37 milhões para a base do Grupo Fiat de Campo Largo. Os recursos visam à modernização da unidade para a produção de novos motores na cidade, controle de qualidade e adequação à legislação. Porém, enquanto a empresa revela súbita preocupação com o seu desenvolvimento na cidade, a causa dos trabalhadores continua sem respostas.
Em recentes debates públicos que denunciaram as práticas antissindicais da empresa, o Sindimovec tem questionado, insistentemente, o desinteresse da Fiat em fechar a negociação salarial dos seus funcionários neste ano. “Vemos com muito bons olhos esse anúncio de novos investimentos na fábrica da cidade, a geração de emprego e renda, e todos os demais benefícios que possam surgir a partir disso. Mas causa estranheza que, diante de uma cifra dessas (R$ 37 milhões), a empresa queira continuar sem fazer a “lição de casa” junto a seus colaboradores, oferecendo a eles menos do que outras empresas, em situações muito piores, ofereceram aos seus trabalhadores, pondera o presidente do Sindimovec, Adriano Carlesso.
Nesta quarta-feira (14), a Fiat completa 222 dias sem negociação com o Sindimovec. Os 37 milhões que serão injetados na base de Campo Largo confirmam algo que o Sindimovec sustenta desde o início do impasse: a empresa não está em apuro financeiro, ao contrário de outras montadoras, que, inclusive, tiveram que apelar pelo PPE (Programa de Proteção ao Emprego). Porém, mesmo com cenário de crise e passando por dificuldades, estas empresas honraram seus colaboradores, firmando acordo coletivo em 2015, o que não aconteceu com a FIAT. “A empresa nunca antes na planta de Campo Largo teve tantos trabalhadores como agora. Ela passou de 500 trabalhadores. Com mais essa breve injeção econômica divulgada agora, não conseguimos encontrar explicação plausível para o fato da empresa não sentar com o Sindicato para negociar”, completa o presidente do Sindimovec.
Em setembro, a Caterpillar aderiu ao PPE. Antes disso, assegurou direitos aos trabalhadores por meio de acordo coletivo. “A Caterpillar, demitiu mais de 250 trabalhadores de agosto do ano passado até agora, em razão da queda das vendas no mercado. Isso dá quase 30% de redução de sua força de trabalho. A Metalsa tinha, em outubro do ano passado, em torno de 230 trabalhadores. Hoje, tem cerca de 100. São empresas que vem apresentando problemas financeiros e que, mesmo assim, fecharam o acordo coletivo, inclusive propondo a manutenção dos valores de PLR. A Fiat, com toda alta no faturamento, deixa seus funcionários sem resposta”, conclui.