“PPE É BEM VINDO SE BENEFICIAR A TODOS”, DIZ PRESIDENTE DO SINDIMOVEC

A recém-publicada Medida Provisória 680, que institui o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), entrou em vigor essa semana com a promessa de ajudar a salvar empresas e empregos em períodos de dificuldades financeiras. Enquanto se discute a aplicação emergencial do plano, ao trabalhador interessa apenas uma questão: a medida será, de fato, capaz de assegurar o emprego sem causar ainda mais danos?

Na avaliação do presidente do Sindimovec, Adriano Carlesso, é inegável que o plano chega em boa hora, e que qualquer programa de manutenção de empregos em época de crise é essencial, mas, é preciso muita cautela. “Qualquer medida que venha prevenir contra demissões é bem vinda. Mas o PPE tem que ser analisado de forma muito criteriosa, porque, primeiro, será montada uma comissão para entender quais serão as empresas, categorias que poderão participar. Então, fica a pergunta: isso vai ser para todas as categorias, ou somente para as grandes empresas?”, questiona.

Carlesso justifica a indagação lembrando que, nos últimos meses, a conjuntura econômica foi se tornando cada vez mais dura para a classe trabalhadora. “Nós já tivemos, durante um bom tempo, a redução de IPI, situação que beneficiou somente as grandes multinacionais. Hoje, se percebe que a crise afeta a todos, mas os programas são criados para colaborar com as grandes empresas, enquanto que o trabalhador continua sofrendo com o aumento de luz, de água, de alimentos. Com este novo programa, o trabalhador só não estaria perdendo o emprego, mas continuaria tendo dificuldades para pagar suas contas, uma vez que o nosso sistema econômico imprime ao nosso povo o pensamento de que deve comprar tudo o que possa caber em seu orçamento mensal, induzindo à realização de compras parceladas, comprometendo todo o salário do mês. Com a redução de salários, tira-se do trabalhador a condição de continuar pagando as suas contas, e esta situação pode ser o início de um problema muito maior. Em época de eleição, nosso governo vendeu uma realidade à nossa gente que já não existe mais, ou seja, de que a vida do trabalhador iria continuar numa boa e não é isso que se percebe. Penso que o anseio dos trabalhadores com as promessas seria poder unir  estabilidade e dinheiro no bolso, e não é esta a proposta feita pelo PPE”.

Paralelo ao plano, as montadoras já recorrem ao layoff para driblar a fase ruim. “Talvez, dependendo do caso, o layoff seja até mais interessante ao trabalhador do que o PPE, porque, no layoff, o trabalhador fica em casa, tendo a obrigação de ir até a empresa para se qualificar, frequentar cursos e tudo mais, mas pode procurar outra atividade para realizar durante o período de layoff para tentar aumentar seus rendimentos, mesmo que seja na informalidade. O PPE é importante, sim, em razão de preservar empregos, mas acho que tem que ser analisado de forma criteriosa para saber realmente a que interesses ele irá proteger”.

ppe sindimovec

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