13 de maio: Acabou a escravidão no Brasil?
Historicamente a abolição da escravidão no Brasil aconteceu na assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888. Mas uma pergunta continua sem resposta: o trabalho escravo deixou realmente de existir?
Observe ao seu redor: onde estão a maioria dos negros em um país predominantemente miscigenado? Quantos amigos negros você tem? Quantos médicos negros já te atenderam?
Seu professor, sua professora, são negros?
Quantos brancos já tomaram uma geral da PM ao voltar do trabalho? Quantos jornalistas negros noticiam o genocídio racial diário? E quantos advogados negros defendem a majoritária população carcerária negra?
Neste 13 de maio normalmente recordamos uma assinatura, mas isso não é o suficiente. É preciso ir além, recordar Zumbi e a luta dos negros por liberdade. Reconhecer que o Brasil é racista e ainda há casagrande e senzala. Um é lugar de branco e o outro de preto. Essa é a polarização histórica brasileira.
Dizem que nos livramos da escravidão, mas porque ainda existem as lágrimas da pobreza, do genocídio praticado pelas forças do estado e dos crimes de ódio deliberados? Para sonhar com liberdade é preciso reconhecer: a escravidão não acabou.
São os negros os últimos a se aposentar. Assim como são eles que têm os primeiros trabalhos precarizados.
Quer saber, não importa sua cor, apenas abra seus tímpanos e deixe os tambores vindos da África entrar. Pode ser na calada da noite ou numa manhã qualquer. Basta deixar o som passar, soar no ouvido e no coração. Você pode senti-lo. Ele está nos semáforos ou embaixo das marquises!
Por fim, seja no chão batido ou no asfalto, é a cultura africana que continua sendo usurpada dentro de um país multicultural. Está tudo invertido. Hoje levam a capoeira para dentro do quilombo, porque a tiraram de lá. E a culpa de tudo isso é nossa, por não sermos antirracistas o suficiente.